quarta-feira, 20 de junho de 2012

Curiosidades Sobre Salò



Nesta obra avassaladora estão não só a essência animal do humano e o modo como ele a exterioriza, mas também muitas outras noções filosóficas sobre uma realidade que ele nunca compreendeu, nem nunca aceitou. Na origem dessas noções estão Sade e Freud que emanam determinadas linhas gerais, imediatamente digeridas e transformadas pelo cérebro em brasa de Pasolini. As imagens de "Salo" são o resultado da mistura de tudo o que anarquicamente existia no seu espírito, pouco tempo antes de explodir definitivamente.
Mas recuemos algumas décadas, ao ano de 1975, quando o filme foi feito. Rodado entre 3 de Março e 9 de Maio nos estúdios Cinecittà (com exteriores filmados em Salò, Mantone, em Bolonha), "Salò" foi de imediato proibido em todo o território italiano. Assassinado por um pederasta na noite de 2 de Dezembro, num subúrbio de Roma (morto à paulada, como uma ratazana de esgoto, escreveu  Domingos de Mascarenhas no jornal "A Rua"), Pier Paolo Pasolini já não se podia defender. Pier Paolo Pasolini morreu poucos meses depois de ter completado a montagem de"Salò". Tinha 53 anos e algum tempo antes afirmara publicamente que se sentia destruído e que nada lhe restava senão isso mesmo. Pasolini ficará na história do cinema pelo seu não conformismo, pela sua luta contra as estruturas pré-estabelecidas. A sua mensagem não foi compreendida, enquanto ele, desesperadamente, o tentou. Mas tudo o que então era obscuro e pouco definido tornou-se hoje mais claro. A morte eternizou o seu nome, a sua obra e a sua angustiosa conclusão sobre a realidade. Sobre a decadência dessa realidade, sobre a sua podridão. "Salò" foi o seu último gesto de grande coragem, dissipou as dúvidas existentes e deu vida, finalmente, àquilo que estava moribundo. Pasolinimorreu. Mas a sua obra fica, para sempre. E com ela a sua mensagem viverá eternamente dentro de nós.

Pasolini tinha decidido filmar uma trilogia sobre a morte, de que “Salò” foi a primeira parte. Devido à morte do realizador o projeto não chegou ao fim

- Os “excrementos” usados nas cenas de coprofagia eram uma mistura de chocolate e marmelada de laranja

- Ennio Morricone, que compôs a música, confessou mais tarde ter-se sentido incomodado ao visionar o filme acabado. Tal como a grande maioria dos atores, que se divertiram durante as filmagens, não imaginando como ficaria o filme no final. O que só prova ter sido a montagem uma das grandes virtudes de “Salò”

- A versão original do filme, usada apenas na ante-estreia em Paris, tinha mais cerca de meia-hora. Essa metragem nunca mais foi reposta em qualquer apresentação pública ou edição em vídeo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário